Solidariedade,
valor para outro mundo possível
Fazendeiros do agronegócio no Mato
Grosso do Sul jogaram veneno, química homicida, no córrego Ypo'i, em Tekoha
Guarani-Kaiowá Ypo'i, em Paranhos. Este fato ocorreu no dia 14 de novembro de
2012 enquanto as crianças e adultos Guarani e Kaiowá estavam tomando banho, e o
rio virou uma espuma branca.
Deste muito tempo, o mundo também está
perplexo com as notícias da Faixa de Gaza e a violência de Israel e aliados
contra os Palestinos, intensificadas nesta última semana. Tantas outras guerras
amplamente divulgadas pela imprensa. Tantas outras sem alcance mediático. Em
uma entrevista publicada recentemente, Nurit Peled-Elhanan, professora e
pacifista israelita, apresenta o resultado de sua pesquisa sobre os livros
didáticos em Israel como um poderoso instrumento de disseminação do
desrespeito, da negação e do rancor aos Palestinos. Alerta que desde a infância
as crianças são treinadas ideologicamente para formar um exército apto para
matar sem piedade. Ela compara os discursos de invisiblidade e manipulação de
conceitos e informações com os mesmos que se usam em materiais didáticos na
Europa quando diz respeito aos povos e países da África e América Latina, ou
ainda quando se mencionam nestes recursos didáticos os povos tradicionais
nestes países.
Em Irati, também nesta semana, chegou
outra família Kaingang, que se alojou no Centro Cultural em obras. As condições
de hospedagem não são dignas e desta vez os itinerantes estão compartilhando o
espaço ocupado por moradores de rua da cidade. Todos vítimas de exclusão social
e genocídio.
Os três acontecimentos tem grande
semelhança, pois o tratamento racista a níveis extremos que se dá aos povos
tradicionais aqui no Brasil, na América Latina ou no Oriente Médio é o mesmo,
em aspectos conceituais da violência.
A esperança da humanidade é que há uma tribo
de sensibilidade, composta por uma rede de pessoas que muitas vezes não se
conhecem, de várias nacionalidades e de distintos campos de trabalho, credos e
culturas. É necessário intensificar nossas ações para este outro mundo
possível. A demonstração desta construção para o novo mundo possível, ocorreu
em Irati no fim de semana de 09 e 10 de novembro com um importante encontro de
planejamento de ações do movimento da Economia Solidária e da Rede de Educação
Popular do Paraná, reunindo dezenas de pessoas de todo o estado e também do Rio
Grande Sul, agroecologistas, artesãos, movimentos de mulheres e educadores
populares. As mudanças são responsabilidade de cada um, em atitudes amorosas e
solidárias para este grande projeto de ser humano.
Fabiana Anciutti Orreda
Jornal Hoje Centro Sul