Será que estamos continuando a missão que Jesus deixou para
nós?
Parece que a nossa missão de cristão na garantia da justiça, do direito
da igualdade e a liberdade (Jo 10,10) não está acontecendo, pois cada vez mais
no mundo se multiplicam: doenças, violências, corrupção, veneno na nossa
alimentação e agua, destruição do meio ambiente, aumento da miséria, fome, etc,
etc, etc....
Para variar, temos que fazer a pergunta que a maioria das
pessoas fazem: Quem é o culpado por esta situação? Talvez a pergunta não seja
QUEM, mas o QUE gera este caos?
Acreditamos que uma das explicações é o enfraquecimento nas
relações de solidariedade (conceito que no direito romano “obligatio in solidum”
significava responsabilidade, cumplicidade comunitária), ou seja, menos
solidariedade, menos relações de confiança entre nós. Assim, hoje a nossa convivência
como comunidade ou sociedade não são mais regidas pelas relações de cooperação e solidariedade e sim por um sistema
econômico, ou seja, pelo mercado do consumismo e da acumulação de riquezas (de poucos),
comandado pelas multinacionais, que além de explorar trabalhadores/as de países
de baixo IDH, está mudando a nossa cultura promovendo a competição e com o apoio da mídia (músicas, filmes, propagandas,
novelas....), nos divide nos individualiza e assim vulneráveis para qualquer produto
ou projeto de morte de exploração ou dominação, que infelizmente muitas das
vezes somos “soldadinhos” que defendemos e apoiamos consumindo estes produtos e
serviços e sendo garotos/as propaganda divulgando a marca.
As pessoas com mais vivencia e experiência, sabem que a bem
pouco tempo atrás as relações de cooperação e solidariedade não eram “uma boa
ação” e sim cultural, pois era natural, por ex.: quando era necessário sair o vizinho
cuidava da minha casa. Quando faltava algum tipo de alimento (açúcar, sal,...)
era só ir no vizinho e emprestar. Quando precisava até de dinheiro o “banco
comunitário” mais próximo (e muitas vezes sem juro) era o vizinho. Outro ex.:
bem importante de baixa ocorrência de violência (que hoje é um dos maiores
problemas das sociedades: assaltos, estupros, homicídios, etc.), pois os
moradores das comunidades cuidavam um dos outros garantido a segurança pública.
Enfim, as relações de solidariedade na comunidade sempre eram a solução para
qualquer dificuldade. Hoje infelizmente, até nas pequenas cidades, os vizinho
malmente se conhecem o que dirá pensar juntos soluções para a comunidade onde
moram.
Desta forma, como há menos confiança, menos pensamos e agimos
coletivamente para buscar solucionar os problemas que nos rodeia em nossa
comunidade, isto sem contar que muitos estão em diversas situações de
sofrimento constante, como: estres, depressão, dependência química e/ou alcoólica,
cometendo delitos e presos em cadeias, etc. Assim, como válvula de escape
buscamos achar um culpado nas escalas de hierarquia da nossa sociedade, que
pode ser desde de uma liderança comunitária (presidente de associação de
moradores, das igrejas, etc.), passando pelos governantes locais (ex.: prefeito
e vereadores) até chegar as maiores autoridades, que estão a frente de
entidades privadas e públicas.
Claro que temos consciência que estas lideranças foram escolhidas
democraticamente (ou não, pois falta muita consciência da importância de votar
e muitos vendem o voto, por exemplo) e assim estes escolhidos tem que realmente
fazer cumprir o que prometeu em discurso e/ou campanha. Mas, também é preciso que
as pessoas e suas comunidades acompanhem e cobrem estas lideranças. Sobre isto
não há como fugir, pois quando se fala governo democrático quer dizer governo
do povo, ou seja, nós povo somos parte fundamental da governança.
Esta governança podemos fazer de duas maneiras. Pode ser
individual como cidadão/ã ou de forma organizada em um coletivo. Infelizmente, a
maioria reclama individualmente (e isto não é surpresa, porque o sistema nos
divide) usando os meios de comunicação (rádio, tv e internet) para gritar e
espernear sobre o seu problema, muitas vezes sem argumentos ou conhecimentos de
causa ou sem oficializar. Mesmo quando oficializam em documento alcançam pouco resultado,
pois estas pessoas se cansam logo e acabam desistindo. Com certeza a forma de coletivo organizado tem muito mais força
ou como uma entidade ou movimento social, pois um coletivo geralmente tem uma
história, um objetivo comum, princípios, uma bandeira de luta, etc. que garante
a continuidade das reivindicações.
Neste sentido, até Jesus não agiu sozinho, como aparece em
vários contextos da bíblia e de forma mais intensa quando Jesus escolhe os apóstolos
que eram lideranças comunitárias e que tinham fortes relações de confiança onde
moravam. Depois de ouvirem o chamado, ainda como discípulos, Jesus apresentou a
eles a missão (Mt 10, 1) e assim os mesmos preparados tendo em mente e na alma
o que deviam fazer, vão espalhar a notícia de um novo Reino que virá (projeto
de vida) de igualdade e fraternidade. Mas, na época não foi tudo tão tranquilo
quanto pareceu, pois além de anunciar um novo Reino, também tinham que
denunciar os problemas que os governantes políticos e religiosos causavam, como
a exploração do trabalho, a dominação e alienação religiosa, o abuso do poder,
entre outros, que fazia com que o povo ficasse com medo e assim refém do
sistema da época.
Assim fica a reflexão: E nós, o que fazemos? Assumimos o
nosso batismo e a condição proposta de Jesus para continuar a construção do
reino? Ou vamos continuar esperando que um governante vem nos salvar?
Acreditamos que nós da REDP, na prática, junto as organizações parceiras, estamos promovendo a continuidade da construção do Reino por meio de vários projetos e ações, como a: Economia Solidária na valorização do trabalho e do/a trabalhador/a, consumo de alimentos ecológicos (sem agrotóxicos), defesa do meio ambiente, direitos humanos, do lugar da mulher, do protagonismo da juventude, das etnias e povos tradicionais, das comunidades, ente outros.
Jesus é o Senhor da história: Os onze discípulos foram para a
Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus,
ajoelharam-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram. Então Jesus se
aproximou, e falou:
«Toda a autoridade foi
dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos
se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que
eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.»
Feliz Pascoa!
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